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Amapolas


Amapolas, originally uploaded by ·GeorG·.

 

a inevitabilidade da crença deve conduzir ao rasgar da fé.
nada é perfeito, nada fica incólume após o toque humano.
e sente-se a raiz do choro,
cujo advento faz a proclamação do trilho terreno,
que alimenta a condição mortal.

nos momentos em que os halos vermelhos se erguem
para a redenção,
existência acontece pelo verter das lágrimas
que sucumbem às echarpes em luz solar.

talvez a ilusão seja uma necessidade?
mas, apenas o sonho é seguido,
apenas o sonho propícia a expiação.

ser ou dever ser,
é a constante do diálogo.

que produz as cores do horizonte.

 


… Nada Ser

 

Nada sou!
E contudo, sou.

Sou, porque tu és,
porque fazes com que seja.

Vamos dar asas ao desejo.
Explorar o lugar onde o tempo pára
ou atravessar a pálida névoa
no cosmos das águas tranquilas,
onde reside o verbo,
onde o espírito se aquece
e a alma se refresca.

Vamos dar asas ao desejo.
Mergulhar no impulso do inúmero
ou calcorrear as cascatas do céu
no infindo das terras sagradas,
onde tudo é harmonia,
onde se vê o incomensurável
e se sente o improvável.

Sim, vamos dar asas ao desejo!
Deixar que ele nos leve à génese do ser
e ser qualquer nudez na fluidez do nada.

Se nada sou
e mesmo assim sou,
deixa-me Nada permanecer
e contigo apenas Ser.

in Interlúdios da Certeza


Cartas Frente ao Mar (XIV)

Minha Querida,

há momentos em que o poema do Mar Céu mais me chama.
Quando as orlas das vagas são crinas de luz que anunciam o amanhecer.
É nesse apelo que sinto a sua vibração. No silêncio do horizonte índigo.

Contudo, as mesmas águas que tecem o nosso amor são a razão da distância, numa razão que, simultaneamente, me fortalece e enlouquece.

É nesta condição que percorro as areias da fronteira, aspirando a transfiguração que possa levar o meu vibrato até si, expressando o Verbo que me dilacera neste tempo de ausência.
Percorro os grãos dourados suspirando pelas névoas matinais, onde raios de luz moldam a sua face.
Só assim é que, num ténue e incessante arrepio que me arrebata em ondas de paixão e nostalgias, os seus lábios me tocam.

Frente ao Mar, as saudades são uma certeza!
No entanto, também afastam os ventos da tristeza dando som à voz do coração, onde me preencho em lembrança.

Mas serão as minhas cartas suficientes para acalmar as águas revoltas?

Por isso, é na praia que solto as lágrimas!
Para a união do desejo, para a redenção do amor que renasce no embalo das ondas.
Sim. É na praia que liberto as lágrimas!
Porque as pérolas são necessárias à beleza.

Enquanto houver ondas, o meu amor será constante.
E nos dias em que o mar se reveste jade, mais brilha a sua recordação em mim.

Um beijo terno, doce alma

V.


Ternura Azul

Silver moon, originally uploaded by Spy to die 4.

 

depois do fragor do ruído
a memória da conquista é breve.

sobra a espuma nas conchas
em momento de nudez
                                           luar.

ondas lisas em prata
no silêncio do mar.

nesse sonho repousa o búzio,
em teu nome,

murmúrio.


I

 

árvore!
horizonte!
consciência!
profundo!

É nesse ondular que
se cruzam as múltiplas dimensões.

sopros caídos, acenos escritos.

 


Cartas frente ao Mar (XIII)

Minha Querida,

Talvez tenha razão quando diz que a distância nos protege. Talvez?

Dois oceanos persistem entre nós!
Duas vastidões de vida e tempo que perfazem o revestimento da distância. No entanto, é a distância que sustenta o meu desejo.

Eis porque a sua presença na minha existência e a sua lembrança no meu coração são primordiais. Por elas chegam até mim as aragens quentes do seu corpo em universo.

E a consciência da entrega plena emerge revigorada.
Só falta reunir um plano existencial já que todas as noites fundo-me na sua divindade, alimentando a chama viva do amor.

Não sei o que amanhã trará, mas sei que o nosso Ser está inscrito no tempo.
Um dia essa distância irá desaparecer. Afinal, todo o oceano se cruza, todas as águas são correntes a percorrer.
Estenda os braços e juntos faremos a ponte!

Contemplo o som laranja do entardecer que se funde no azul denso do horizonte.
Todo esse momento é um suspiro, uma passagem para o sonho, para o reencontro dos corpos.

Quero-a como essência integral. Como divindade e mulher!

Por isso, navegarei as ondas tempo sem as provocar, embalado no ritmo da paixão.
O importante é senti-la aí. Assim, será aqui. Em mim!

Um beijo terno, doce alma

V.


Cartas frente ao Mar (XII)

Minha Querida,

Talvez seja devido às brisas oceânicas que me envolvem que me sinto mais amado.

O verde das paisagens – tão intensamente choradas – abertas à varanda chegou até mim. Assim como a pura crina branca que galopava livre, adornando o dorso das montanhas nas manhãs em Sol breve, no Inverno.

Há lembranças que passam a ser nossas!

Entrego-me aos sons do silêncio para ser no sentir das suas palavras, pois são palavras que adoçam a distância suavizando a saudade.
E o meu olhar regressa ao mar por saber que o querer vive para lá do horizonte.

Houve um renascer nas águas que fazem este universo que nos banha.
No jardim das constelações, deu-se o milagre duma nova energia, duma nova vida.

Sinto uma nova flor de diamante na noite. E é durante o manto denso que venho sentir o horizonte das águas.
Em breves instantes, sonhados, é certo, crepitam milhões de faúlhas prateadas.
Presentes do luar! Embevecidos com a singularidade a que se assiste: a união entre as águas e o céu, onde as mais imaculadas estrelas cadentes descaem em desejo.

Nesse horizonte, também eu me rendo ao Amor. E pergunto, esperançoso: Posso ser luz em seu corpo?

Querida, há lembranças que deixam de estar sós! E amanhãs que virão.
Eu? Sonho com um amanhã unido a, e em, si.

Até lá, todos os dias, a sua recordação renasce no meu coração.

Um beijo terno, doce alma

V.


Calendário


Tempo…fermo, originally uploaded by mareluna_99.
 

marca-se o tempo da existência
na existência em tempo.

mas o tempo tem uma existência
diferente da existência no tempo.

do Tempo brotam os tempos em vida,
da Existência surgem as existências em Ser.

Tempo?
Existência?
águas no mesmo lago de luz.

e, no fluir do In-finito, tudo é passagem!

talvez seja mais um tempo para a consciência intemporal?

talvez seja aniversário?

 


Cartas frente ao mar (XI)

Minha Querida,

avizinham-se novos tempos.

Há um distanciamento nas auras singulares que revela a partida do horizonte.
Apesar da luz que as conforta, as águas estão diferentes.

Sempre soube que existem luzes intemporais que se reencontram no temporário que faz as diferentes vidas, voluntariamente experimentadas.
É precisamente o Ser na entidade cósmica da Luz que nos impele a seguir.

Já o afirmei antes, reafirmo-o aqui: é nos reencontros que mais vibro.
Não tenho qualquer dúvida que é a (re)iniciação temporal que leva ao assumir na consciência universal. Não há plenitude sem aprendizagens nos tempos.

Nem todos temos os mesmos instantes de partida, mas mantemos o elo que nos faz no contínuo.
Haverá sempre cristalinos que nos levem a este mar e ventos que multipliquem os beijos aqui trocados.

Contemplo abóbada celeste do meu coração.
Os diamantes azuis que aí pulsam jamais deixarão que seja lembrança.
Será sempre essência viva em mim.

Despeço-me destas águas sem momentos de tristeza, pois o meu eu é gratidão.
Mas deixo este desejo:
Aceite as carícias da brisa!

Aguardo-a em novos mares azuis celestes, onde os cânticos do silêncio chamam.

Um beijo terno, doce alma

V.


MultiVerso

 

volto à origem primordial,
onde o verbo é expressão intemporal.

o coração é o maior universo que conheço!

 

 


retorno


Earth Energy, originally uploaded by Auntie K.

 

deixamos de ouvir o silêncio do cosmos
e as cordas de luz do tempo.

há demasiadas interferências no homem!

 

 


In-finito

 

é nas marés altas,
em azul denso,
que flutuam sois prateados.

nessas vestes,
pintam-se os sonhos e os desejos.

no índigo primordial!

 


Pela Voz do multiVerso

 

foi-me dito em sonhos:

sê coerente contigo mesmo e luta pelas coisas que desejas,
sempre dentro da verdade e no respeito pelos outros.
segue esse caminho e o mundo abrir-se-á para ti.

não queiras ser mais, mas melhor!
primeiro interiormente.
depois, pelo possibilitar aos outros.

foi-me dito em sonhos,
pela Voz do multiVerso!

 


Cartas frente ao Mar (X)

Minha Querida,

Senti o chamar das águas e vim até à foz da saudade.

Está um belo dia de Inverno. Pleno em temperaturas delicadas e em suaves brisas que nos trazem os afagos dos sonhos.
É como tal que sou fluência cósmica, ondulando entre auras harmoniosas e envolto em abraços de luz solar.

Fecho os olhos e entrego-me à meditação do divino.
A entidade universal chama-me. Quer comungar comigo!
Como senhor do tempo, não me é difícil evocar as eras, e recordo o indizível que somos.
Todos somos parte nos átomos do nós, do MULTI-VERSO.

É-me lembrado algo que já lhe disse: “O português é a expressão litúrgica do cosmos”.
É assim que sei que o amor que nos une ao Verbo é crescente. E que também está ao alcance de qualquer pessoa.

Por isso escrevo.
Não apenas para permitir a pronunciação da melodia distinta que é a nossa língua, como também para contribuir para a expansão deste amor.
É pela expressão do verbo que revivemos o Verbo original.

Percebe agora porque é o mar que liga os mundos?
Percebe agora o significado destas cartas?

“O princípio criador do Todo é a desigualdade.
Eis porque nenhuma vida é igual! Eis porque qualquer uma é especial!”

Percebe porque insisto nesta verdade?

“e o amor é o elo vital que nos une no respeito por outras vidas.
e o amor que temos por algumas é superior.”

Escrevi isto nos Diálogos. Em breve também serão intermitências da consciência.
Aguarde, por favor.

Um beijo terno, doce alma

V.


XXXIV

viajo sem me mover!

 

na imensidade do azul intemporal.

onde sou!

 

na luz do teu rubi.


III


Blue Diamonds, originally uploaded by Wenspics.

 

Fontes de inspiração,
nascentes de palavras iluminadas.

Reticências humanas,
constantes no fado de ser.

Partículas do nosso tempo,
num tempo simplesmente maior.

Mas eis o que permanece:

flores de luz plantadas,
ao longo da jornada,
unicamente cuidadas nas lágrimas do coração

 


Um dia

Se,
um dia,
o destino me quiser,
não me deixes ficar sem ser.
Deixa-me partir.

Não penses na possibilidade,
porque tu foste a minha possibilidade.

E eu levar-te-ei,
intacta,
para a eternidade.


V

ser? nós realmente só somos do tempo.

 

quando os tempos se cruzam,

sabemo-nos,

 

simples traços de luz,

reflexos crescentes,

verbos resplandecentes.

 

singularidades!

 

e unos,

ou nexo de nada e existência,

unicidade de coração.

 

 

 

a minha escrita é neste tempo!


Cartas frente ao Mar (IX)

Minha Querida,

Vim até ao Mar. Brevemente, mas vim. Até si!

Não disse uma única palavra. Apenas a senti em silêncio.
E beijei-a, terna e apaixonadamente, aconchegado na lembrança.

O meu peito rebenta em emoção. Anseia pela sua voz, por essa sua suave expressão, que me estremece completamente.
Transbordo em sentir por saber o que pulsa incontrolável dentro de mim. Tenho tanto medo de a perder! Por isso, agarro-me à esperança.

É assim que de novo vejo o Mar. No mesmo lugar de ontem.

Hoje, as águas estão amenas e a luz é outra.
O instante da origem ocorreu e fui recriado. Foi um tsunami que me varreu!
Não foram apenas as águas que me preencheram. A sua voz abalou-me.
Há uma menina do Mar em si. Que voz doce e meiga! Nunca tinha ouvido uma sereia!

Ainda estou envolvido nas palavras incorporadas em silêncio.
Tudo ou nada? Respondi tudo. Recebi, nada.
Como desejava essa resposta!
Só se alcança o todo se este for formado pelo tudo e pelo nada.

Sabe, o amor tem que ser intenso e permanentemente rasgado por instantes de paixão!
E por si, sou arrebatado sem resistência. Em coerência com o sentir, pois não sei ser de outra maneira.

Se não me quiser, serei lágrimas desgarradas. E todas elas a amarão.
Mas continuarei a ser! Mesmo em cristalinos, que entregarei ao correr dos tempos como flores de luz azul que nos guiarão ao reencontro eterno.
Que inevitavelmente acontecerá!

Sei-o porque sou Multiverso. Dele criador e nele autor do tempo.
Mas acima de tudo, aqui, neste instante gerador de futuro, sou esperança.
E amor. Em azul!

Novos mares nascem, mas nós permaneceremos e criaremos em Luz.
Não pense. Sinta-o!

Um beijo terno, doce alma

V.


Cartas frente ao Mar (VIII)

Minha Querida,

 

Chove abertamente!

Estou aqui, na orla do desejo, a olhar para o profundo e para o alcance do véu lúgubre que abraça os ambientes informes, já rendidos ao seu estranho ardor.

 

No horizonte há luz que não se vê!

Como se a génese da criação fosse de novo ocorrer.

Assim, nesta tarde escura de Inverno, sou banhado na junção das águas distintas, no diálogo dos elementos translúcidos. Completamente trespassado pela lembrança da sua voz!

Mas vim aqui porque senti o chamar. Abrigo? Só no calor do coração. E como o desejo.

 

Relâmpagos acontecem em mim, e relembro palavras anteriores.

Não somos o que já fomos. A lei da evolução assim o pede. E é de livre vontade que ao pedido dela acedemos.

Embora reconheça o seu início, o sua actual luz já não é a mesma. É outra. Mais vibrante, mais pulsante. E assim deve ser, pois todos os nossos fragmentos completam a vivencia das diferentes eras.

O reconhecimento, que ocorre nos reencontros, é o ímpeto do desenvolvimento. Sem este impulso não haverá futuro. Não concorda? Não quer o reconhecimento ou o futuro?

 

Como querendo algo, as luzes da natureza despertam-me para outras recordações.

Quanto já nos integramos em tão pouco tempo? É isso assim tão estranho? Será acaso? Ou a manifestação da singularidade em desígnios superiores? Não nos procurámos?

Como tal, não se trata de dependência, mas sim de convivência. De entrega. De querer. E até de amor. Porque não?

Poderá, para além dos receios, haver arrependimento? Mas o seu sentir é genuíno. E …

 

Desculpe-me não continuar. Estou triste! Há algum problema em afirmá-lo? Nunca tive medo de mostrar o que sentia, porque haveria de começar agora? Seria até irónico que tal acontecesse depois de assumir a prevalência do meu Eu sensorial. Mas a verdade é que o Eu racional começa a manifestar-se. Provavelmente serão defesas. O usar de instrumentos analíticos para suavizar o impacto do que prevejo aproximar-se. Talvez?

 

Também por isso, e já não me restam dúvidas, estou profundamente triste. Tanto que não consigo impedir cristalinos salgados. Seja! Também estes momentos nos fazem e preenchem!

 

Contudo,  tenho tanto para lhe dizer. E no entanto, nas ondas revoltas do meu mar interior, estas – JAMAIS A ESQUECEREI! Quanta ternura há no seu nome? – subjugam todas as outras.

 

Agradeço o seu cuidado e carinho, que sinto integralmente, mas não se preocupe. Remeto-me ao silêncio do amor que existe na minha amizade. Sincera! Plena! Mas sem jamais ser imposta.

 

E não tenha medo ou dúvidas porque sempre escreverei frente ao Mar. São a expressão do meu coração.

Pergunto-me se chegam ao seu? Como gostaria de saber.

 

Mas talvez não precise de mim? Não importa! Estarei sempre em esperança. Para de novo ouvir a sua voz. Perguntará pelos impulsos?

Um beijo terno, doce alma

 

V.


Símbolos

 

as nuvens são hieróglifos magnéticos
suspensos no tempo azul.

É em sânscrito que se escrevem as enseadas!


Blue Clouds, originally uploaded by Philippe Sainte-Laudy.

Fazes-me Ser

Fazes-me ser
no ser irreal do real.

Fazes-me sentir
a chama de ser no existir do ser.

Fazes-me ser
inteiro em vez de ser inanimado e solto.

E fazes-me sentir
ser o ser de alguém.

É luminoso,
ser simplesmente o ser de alguém!


Cartas frente ao Mar (VII)

Minha Querida,

Não sei que lhe dizer. Não pelo motivo aparente, mas por já o pressentir.

Sim, já o sabia. Só não distinguia a origem. Se a mente, se o coração.
Independentemente, não deixo de me banhar as águas desconsoladas.

“Nada é igual ao inicio. Tudo evolui!”. Recorda-se destas palavras?

Toda a Vida se renova! Toda a Alma se transfigura!
O que vier, será bem recebido, pois toda a existência é uma dádiva de desígnios maiores que nós. E os descansos são necessários, pois até a essência reflecte para se purificar.

Pode não regressar ao mesmo tempo humano, mas continuará a ser no tempo do divino. Afinal, todos somos fragmentos presentes no tempo maior.

É precisamente neste sentir que a minha esperança se reanima. E de todos os tipos de memória que existem, a sua, em mim, será sempre viva e livre no universo do meu coração.
Assim, tenho esta certeza. Jamais permanecerá no jardim do esquecimento.

Eis uma das colunas do meu âmago:
É o tempo que nos une.
E o reencontro dar-se-á na Luz da Criação, em comunhão com o Divino.

Por isso, afirmo-lhe que continuarei a escrever em frente ao mar, cuja essência, enleva o espírito ao cósmico. É nas lágrimas dessa água, as translúcidas gotas de sangue do universo, que as minhas cartas seguirão.

E nunca se esqueça que é nos reencontros que mais vibro.

Um beijo terno, doce alma.

V.


Despontar Azul


I love blue!, originally uploaded by Philippe Sainte-Laudy.

Ah! os insondáveis mistérios dos sentidos.

quantas percepções diferentes?
quantos quereres ausentes?
e rasgos no pulsar?

mas a aurora nunca falha.