Amapolas
a inevitabilidade da crença deve conduzir ao rasgar da fé.
nada é perfeito, nada fica incólume após o toque humano.
e sente-se a raiz do choro,
cujo advento faz a proclamação do trilho terreno,
que alimenta a condição mortal.
nos momentos em que os halos vermelhos se erguem
para a redenção,
existência acontece pelo verter das lágrimas
que sucumbem às echarpes em luz solar.
talvez a ilusão seja uma necessidade?
mas, apenas o sonho é seguido,
apenas o sonho propícia a expiação.
ser ou dever ser,
é a constante do diálogo.
que produz as cores do horizonte.
… Nada Ser
Nada sou!
E contudo, sou.
Sou, porque tu és,
porque fazes com que seja.
Vamos dar asas ao desejo.
Explorar o lugar onde o tempo pára
ou atravessar a pálida névoa
no cosmos das águas tranquilas,
onde reside o verbo,
onde o espírito se aquece
e a alma se refresca.
Vamos dar asas ao desejo.
Mergulhar no impulso do inúmero
ou calcorrear as cascatas do céu
no infindo das terras sagradas,
onde tudo é harmonia,
onde se vê o incomensurável
e se sente o improvável.
Sim, vamos dar asas ao desejo!
Deixar que ele nos leve à génese do ser
e ser qualquer nudez na fluidez do nada.
Se nada sou
e mesmo assim sou,
deixa-me Nada permanecer
e contigo apenas Ser.
in Interlúdios da Certeza
Trialidade
em AMOR,
o nós é fundido pelo eu / tu.
aqui nasce a trindade da coexistência que para ser Una,
deve respeitar a individualidade na Trialidade.
o amor é uma singularidade triangular.
e decorrente da existência individual,
o nós também se alimenta dos espantos da vida.
Memórias
outros …
tempos passados,
tristezas presentes.
não és só tu quem tem pena.
também eu te senti distante!
mas o cordão resistiu ao suceder.
foram as saudades que o alimentaram.
mesmo quando não estás,
ou estávamos,
ausentes.
muitas vivências aconteceram entre nós.
muitas memórias para unir,
neste momento que temos,
conjunto.
o nosso toque permanecerá
no calor dos corpos …
de luz!
… outros
tempos presentes,
alegrias futuras.
XXIX
frágeis lábios.
afagos da brisa.
relvas laranjas do Sol.
desenho amor,
em letras de fogo,
com os dedos azuis
do destino.
e nos pomares,
resplendecem as maçãs esmeraldas
do desejo.