Rosto(s)
Os sentidos dentro do coração fazem as faces do vento.
Brisas de arrepios, lágrimas perdidas,
que tecem as memórias do tempo
partilhadas nas areias das praias antigas.
Somos desejo sem ser.
Livre,
espontâneo,
que corre para a consumação dos sonhos.
≈
Transfiguração
renova o todo que te faz.
sê o próprio furacão!
faz amor com as palavras,
funda a alma ao corpo
e beija com o coração em pureza.
é no turbilhão dos sentires
que todo o verbo se conjuga.
e o que é, ser-te-á retribuído
em amor e criação!
Ternura Azul
depois do fragor do ruído
a memória da conquista é breve.
sobra a espuma nas conchas
em momento de nudez
luar.
ondas lisas em prata
no silêncio do mar.
nesse sonho repousa o búzio,
em teu nome,
murmúrio.
É preciso chorar
é preciso chorar
para Deus sentir
e o homem amar!
inspirado em Dois Rios
Sentimento(s)
talvez as palavras assumam sentidos que não pretendíamos
e lágrimas vertam do destino pensado.
talvez hajam momentos tristes que fazem as palavras pesadas
e o arquejar do corpo irrompa pleno.
talvez as esferas celestes estejam partidas.
talvez a vontade seja falaz.
talvez.
mas as palavras nunca serão apenas símbolos.
são o veludo,
onde se expressa a Voz do coração!
MultiVerso
volto à origem primordial,
onde o verbo é expressão intemporal.
o coração é o maior universo que conheço!
Pela Voz do multiVerso
foi-me dito em sonhos:
sê coerente contigo mesmo e luta pelas coisas que desejas,
sempre dentro da verdade e no respeito pelos outros.
segue esse caminho e o mundo abrir-se-á para ti.
não queiras ser mais, mas melhor!
primeiro interiormente.
depois, pelo possibilitar aos outros.
foi-me dito em sonhos,
pela Voz do multiVerso!
III
Fontes de inspiração,
nascentes de palavras iluminadas.
Reticências humanas,
constantes no fado de ser.
Partículas do nosso tempo,
num tempo simplesmente maior.
Mas eis o que permanece:
flores de luz plantadas,
ao longo da jornada,
unicamente cuidadas nas lágrimas do coração
…
V
ser? nós realmente só somos do tempo.
quando os tempos se cruzam,
sabemo-nos,
simples traços de luz,
reflexos crescentes,
verbos resplandecentes.
singularidades!
e unos,
ou nexo de nada e existência,
unicidade de coração.
a minha escrita é neste tempo!
Harmonia
ouvia,
enlevado,
a melodia divina
– que apenas é possível nas cordas da Harpa imemorial –
quando te reconheci ser
existência que já foi nossa.
dez mil eons aconteceram,
outras circunstâncias nasceram.
mas o Verbo é expressão da essência que nos faz,
que nenhuma distancia supera.
as palavras reúnem-nos.
somos uno plural!
vida em vidas
entregues ao reencontro eterno.
e no canto da brisa nocturna,
que passa por mim, serena,
pergunto:
amor?
e beijo-te,
integralmente.
Sóis Interiores
árvores de luz do futuro
iluminaram a via do grande plantador.
o Palácio das Águas leves ainda é
o enigma do vento.
almas brancas,
nuvens soltas.
XXXVI
no místico superior,
o designo é inexcedível.
as determinações estão aquém.
e assim deve ser até ao amanhecer da consciência.
mas sei-me verbo anterior.
ou coluna do silêncio.
ou pequena lágrima intemporal.
sei-me parte no teu coração.
ou vela do prometido.
ou breve esmeralda em flor.
são os sentimentos do despertar.
os tempos reúnem-se em nós.
não ouves os lagos azuis?
não sentes os lábios de pólen?.
o novo, que é hoje antigo,
é-o assim reconhecido.
já fomos amados antes.
já fomos pensados na origem
Preciso de ti!
XXIX
frágeis lábios.
afagos da brisa.
relvas laranjas do Sol.
desenho amor,
em letras de fogo,
com os dedos azuis
do destino.
e nos pomares,
resplendecem as maçãs esmeraldas
do desejo.
Não Existem Coordenadas
não existem coordenadas.
só miosótis em cristal vermelho.
expandem-se os sussurros místicos do Antigo,
chamamento sem substantivo,
que sentimos interior
no reconhecimento do profundo.
colunas em anil flamejante brotam das marés
e em todas as cavernas do Céu sorriem quarks azuis.
simples pronunciares dispensam representação.
há sentires que o são.
insisto. não existem coordenadas.
só o pleno do coração.
onde somos … LUZ antes da luz.
Somos Poesia
outrora foi contemplado
o momento para o qual fomos criados.
exultando,
correntes cósmicas reúnem-se
para o semear de cometas dourados.
tempos conjugam-se na nossa linha de amor
e o azul amplia o horizonte,
onde safiras transparentes compõem as lágrimas das estrelas.
as constantes partiram em paz
e todos os corpos celestes rejubilam em silêncio.
na pirâmide mística da evolução
o altar, decorado com pérolas flamejantes,
aguarda o consagrar dos votos.
Beijo em teu coração.
A noite virá mais serena.
Beijo em teu imenso ser.
O sol trará outro dia.
somos poesia dos deuses.
fazemos o verbo da Luz.
jamais seremos sós!
Fénix
desculpai-me Senhora,
não guardo percepção do tempo.
nem do sinal da procura.
só acarinhei a distinção do caminho.
mas via – Vos!
nas manhãs que despontavam em Estrelas,
nas sedas que entrelaçavam o Silêncio,
nos suspiros libertados em Pulsares.
no sentir do Triângulo do Um,
recusei constantes manipulações.
fui Paladino do amor,
livre escolha de Luz.
*** *** *** *** ***
o que passou, já se foi.
e deixei de existir no tempo.
apenas para me recriar,
em todo o nosso Azul!