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Carta na aura da Lua

Moonlight, originally uploaded by risquillo.

 

Minha Querida,

Vim aqui na esperança de a encontrar.
Precisava de sentir a sua aragem para me libertar.

Cada um de nós cria os seus mecanismos para lidar com os sentimentos com que interagimos no correr das horas.
A mim, como sabe, é-me difícil aguardar sem falar. Não gosto de ficar com as coisas cá dentro. Gosto de as expressar. Não apenas para me aliviar, mas também para poder prosseguir.

Dantes pensava que era apenas para me permitir uma reflexão intelectual aos dados sentidos. E, até um determinado ponto existencial, assim foi. Não há dúvida que a minha parte racional é poderosa. A lógica sempre foi um dos alicerces do meu ser. E eu até tenho um certo orgulho nisso. Mas o meu eu não era pleno. E recentemente comecei a privilegiar o sentir e o pensamento sentido.

Mas nunca pensei que as minhas palavras pudessem ser razão.

É por isso que me desprendo da mudez.
Porque amo o verbo!
Porque amo os cometas que soltamos no imenso!
Porque amo o ser que nos une!

Tendo dito isto, é no mais profundo respeito pelo seu ser que espero o tempo do diálogo.

No entanto, aguardo tranquilo. Sereno até!
Já não me sinto forçado ao silêncio. Antes pelo contrario.
Atrevo-me a dizer-lhe que sou na melodia que emerge entre as cordas da Harpa do Cosmos.

Mas preferia continuar a ser harmonia consigo!

Agradeço a intensidade da sua Luz e deixo-lhe os meus mais simples afagos,

V.

in 30 Mensagens de Amor e 1 Recordação


Cartas frente ao Mar (VI)

Minha Querida,

Porque não somos alheios, nem devemos ser distantes, ao todo que nos rodeia, não deixo de perceber várias influências no seu expressar. Externas. E algumas bastante indirectas!
Num Ser de tamanha sensibilidade, não é de admirar. Nem é de espantar que a sua dimensão se amplie.

Portanto, sinto que estou perante um daqueles momentos em que só devo ouvir. E é certo que outros iguais virão.

Assim, é de livre vontade que me remeto ao silêncio. É nele que acolho os seus sentires – independentemente da natureza – tristes, inseguros, esperançosos. É nele que os reconforto. É nele que me transfiguro em melodia.

Como tal, aceite estas breves pautas de verbos silenciosos. Ambos já lá somos!

Apenas uma nota final.
Não pense que me será difícil imaginar “um feminino sem eu”. Antes pelo contrário. É-me perfeitamente natural.

Não há eu. Há nós! O eu é, quando muito, a totalidade dos átomos do Universo. A dimensão dessa entidade é de tal ordem que dificilmente é percebível. E como é algo que escapa à escala da compreensão humana, igualmente não é perceptível. No entanto, é. Existe!

Volto a referir o seguinte: o Universo são átomos e não um átomo.
“Nós” é o termo adequado porque a essência é plural.
Para mim – e sabe que a designo como tal – o nome dessa entidade é: MULTI-VERSO.

Um beijo terno, doce alma.

Até breve,

V.


Sóis Interiores

dandelion blue, originally uploaded by Emily Quinton.

 

árvores de luz do futuro
iluminaram a via do grande plantador.

o Palácio das Águas leves ainda é
o enigma do vento.

almas brancas,
nuvens soltas.


Refugio

enseadas azuis,
areias douradas.

esmeraldas ainda mais verdes.

tomo abrigo no teu corpo.
para nas correntes de luz repousar.


Cartas frente ao Mar (V)

Minha Querida,

As suas palavras são minhas, embora expressas doutra maneira.
Ainda bem! Assim, as minhas também são suas.

Metafísica! Consciência! Dialéctica! Reconhecimento! Ser!
Temas onde somos plenitude. Temas onde ainda seremos muito mais.

Quando nos percebemos num determinado nível de consciência, nenhuma história é representativa num, nem por um, único período. Vários tempos são necessários. Porque, como já referi, não há tempo à escala humana.

Entendo perfeitamente!
O ser que fazemos, permite-nos ver o fogo que arde na chama invisível do Ser supremo.
E virá a altura em que também seremos a flama azul do intemporal. Completamente dispensados da forma humana, mas à qual poderemos sempre retornar.
Lembre-se, nada é sem o livre arbítrio.
Se calhar já o fizemos? Quantas vezes não sei.
Apenas reconheço a sua energia ou, se preferir, a sua luz.

Por isso, vá em paz a Salzburg. E não se preocupe se por lá ficar. Não será a sua totalidade, mas apenas uma parte. Nada é igual ao inicio. Tudo evolui!
O que realmente não devemos permitir é que algo nos impeça de progredir. Vá sossegada!
Creia que sempre a reconhecerei. A todos os níveis: o seu passado, o seu presente e o seu futuro.
É o coração quem reconhece!

Quanto a eventuais dúvidas, repare que fluem neblinas das águas que descem pelas cascatas. Tanto antes, como durante e depois só existe vida. Pela multiplicação das possibilidades!
O que recordar nesta sua viagem será uma dádiva. Será um exemplo concretizado que o todo que é não é apenas a soma das partes.
Vá, e renasça. Regresse e entregue-se ainda mais ao sentir.

Quanto às palavras, “matéria mais sublime desta Vida”, é precisamente a escrita que nos faz. E une! Quer pela simbologia matemática como pelo significado das letras. Num grau de incomensurável agregação. Não o sente?
Nós somos a escrita flamejante nos mares dos tempos. A mais pura das interioridades!

E desculpe-me este ultimo expressar, mas espero só ser biograficamente nos reencontros.
É principalmente aí que acontece o reconhecimento. Apesar de este se prolongar em flutuações quânticas que preenchem, por exemplo, as linhas do “caderno epistolar”, é nesses momentos que o coração mais pulsa.

Assim, se alguma vez escrever a minha biografia, faça-o nesta grandeza: Vibrava nos reencontros.
E eu sempre voltarei.

Beijo terno, doce alma.

V.


Cartas frente ao Mar (IV)

Minha Querida,

Talvez não consiga evitar alguma tristeza por tristezas que involuntariamente lhe tenha provocado. Talvez?

Apesar de nos sabermos no Uno da alma, todo o nosso percurso experimentou distancias. E outras acontecerão. Provavelmente assim é que deve ser. Para sentirmos ainda mais todos os instantes em que nos reencontramos. De cada vez que tal sucede, formamos diferentes tons de luz.

Os sinais das sombras e das fontes também são trilho para a iluminação. Eu sei disso. Mas apesar desta consciência, apesar de saber que sempre nos iremos reencontrar, a verdade é que sinto a sua falta cada vez que nova evolução ocorre.

Mas toda a renovação é necessária para completarmos a totalidade do espectro de luz. Creio que será precisamente assim que renasceremos na Luz antes da luz.
Nós não seremos unidade na diversidade, mas sim o ser da unidade ou, se preferir, o um da unidade. E é a partir daqui que jorra a diversidade!

Quanto a mim, não me parece que a mesma seja uma obsessão. Julgo que será o destino. O passo no sentido do equilíbrio entre tudo o que há e não há no MULTI-VERSO imemorial.

Fala-me do futuro já passado? Também lá fui. Aceito-o! Mas procuro considerar o presente.
Quantas projecções passadas não fazem o futuro?
Ambos os extremos, passado e futuro, são necessários para a visualização do contínuo, mas é no presente que nos encontramos, que nos fazemos, que nos sentimos. Infinitamente! Não concorda?

Pergunta-me o que são as saudades?
As saudades são as intermitências da consciência. São a voz do coração nos invólucros da alma.
E manifestam-se nos diamantes do tempo.
Por isso, as lágrimas são cometas no universo. Não há fogo de luz mais genuíno.

Ainda bem que temos saudades.

Apesar de toda a minha estrutura lógica, cedo aprendi que há coisas que não se explicam. Sentem-se!
Assim, deixo-me ir na fluência das águas. Tenho a esperança que elas me devolvam à felicidade. Outra e outra vez! Tal como continuamente o fizeram.
Às águas entrego-me. Poderia dizer que lhes entregava a minha plenitude. Mas isso, só uno consigo.

Será na intensa densidade desse tempo que encontraremos as águas azuis da Luz!

um Beijo terno, doce alma.

Até breve

V.


Cartas frente ao Mar (II)

Minha Querida,

Como a compreendo!
Olhamos para o permanente transcendente que nos rodeia presos pelas grilhetas da realidade material. No entanto, não devemos deixar de ser humanos. A materialização temporária em tempos precisos é necessária para a percepção do todo que nos transcende. Só assim percebemos que não há tempo à escala humana.

Mas, para nos tornarmos mais, temos que nos saber humanos. São as emoções que experimentamos enquanto homens que nos levam ao portal do transcendente, onde o tempo imemorial de Ser é.

Não sei se sei o suficiente para explicar, ou para tentar explicar.
Apenas sei que as dúvidas são necessárias à evolução.
Só lhe posso dizer que, a mim, impelem-me na procura das respostas. Não só pelo pensar, mas principalmente pelo sentir.

Se há momentos que somos turbulência sensorial também há momentos em que somos meditação em paz. É nessas alturas que o transcendente nos acalma e nos indica a ordem.
Assim, esses momentos em que somos confluência acontecem por estarmos mais expostos ao belo. Estou certo que o exprimir aparecerá por si.

Tudo se adequará. O MULTI-VERSO sabe mais do nós.
Para além disso, esperar que a palavra se congregue terá a sua utilidade … em vários sentidos. E alcances.

O humano é um patamar na evolução cósmica do ser.
Quanto a mim, é um “constrangimento” necessário, pois o re-conhecimento deve dar-se a todos os níveis – até humano – devendo sê-lo tanto para o interior como para o exterior. Tanto connosco como com os outros.

E aqui emerge a importância da simbologia dos versos. Porque os versos não são todos iguais!
No entanto, é precisamente assim que deve ser, pois os sentires não são todos idênticos. Não se trata de alguma relatividade. Trata-se de diferentes interacções com as distintas frequências de Luz que nos rodeiam ou, se preferir, com o arco-íris que une todas as dimensões do Ser.

Por isso, a sensibilidade é o catalisador do transcendente.
Por isso, o agitar dos véus da consciência universal não é para todos ao mesmo tempo.
Porquê? Porque tudo resulta de uma escolha livre e individual. Sem vontade, não seremos mais.

A Alma é a ínfima parte do Ser do MULTI-VERSO que nos incorpora. Talvez por isso. Talvez?

As interioridades resultam do sentir ou, se preferir, dos oceanos de sentir. Estou certo que não se importará. Julgo até que se comoverá.

De qualquer maneira, também eu tenho que me desculpar. Não sou imune ao seu sentir nem aos seus sentires. Daí que alguns fragmentos emerjam dispersos nestes verbos.

E até ao limite da minha compreensão, que é finito, respeitarei. No entanto, não posso deixar de sentir tristeza, por estar “ainda mais só”. Paradoxalmente, é bom sinal. É o meu humano a falar.

Um beijo terno, doce alma.

V.


Cartas frente ao Mar

Minha Querida,

Que lhe hei-de dizer?

O instante da criação deixa de o ser quando o é.
É, por isso, algo necessariamente anterior.

Para o poeta,
em cada letra há um portal,
em cada palavra um universo.
Já num livro, apenas há a expressão do sentir.

O verbo original é a representação do sentimento, não concorda?

Talvez o Poeta almeje uma singularidade – um simultâneo retorno e recordar – que o devolva não à sua criação, mas ao momento em que foi originado.

E, embora frágeis tentativas de reprodução da majestade do silêncio ou do esplendor da luz, aí sim, os poemas serão a figuração dos sons.

Quanto ao português, é uma língua – prefiro o termo expressão – possuidora de uma dimensão maior. A melodia que emana da sua pronunciação é distinta. Diria até única.
Para mim, se mo permite, é equiparável a uma expressão litúrgica dos cosmos.

Por fim, o indizível.
O Indizível encontra-se no colectivo humano. Todos somos feitos por partes de todos.
Se víssemos a espécie como um todo, a harmonia seria uma realidade.
Sólon sabia-o! Infelizmente, dele já restam poucos vestígios.

Deixo-lhe um beijo, doce alma.

V.


Memórias

outros …
tempos passados,
tristezas presentes.

não és só tu quem tem pena.
também eu te senti distante!

mas o cordão resistiu ao suceder.

foram as saudades que o alimentaram.
mesmo quando não estás,
ou estávamos,
                         ausentes.

muitas vivências aconteceram entre nós.
muitas memórias para unir,
neste momento que temos,
                                            conjunto.

o nosso toque permanecerá
no calor dos corpos …
                                      de luz!

… outros
tempos presentes,
alegrias futuras.


Não Existem Coordenadas

não existem coordenadas.
só miosótis em cristal vermelho.

expandem-se os sussurros místicos do Antigo,
chamamento sem substantivo,
que sentimos interior
no reconhecimento do profundo.

colunas em anil flamejante brotam das marés
e em todas as cavernas do Céu sorriem quarks azuis.

simples pronunciares dispensam representação.
há sentires que o são.

insisto. não existem coordenadas.
só o pleno do coração.

onde somos … LUZ antes da luz.


Somos Poesia

outrora foi contemplado
o momento para o qual fomos criados.

exultando,
correntes cósmicas reúnem-se
para o semear de cometas dourados.

tempos conjugam-se na nossa linha de amor
e o azul amplia o horizonte,
onde safiras transparentes compõem as lágrimas das estrelas.

as constantes partiram em paz
e todos os corpos celestes rejubilam em silêncio.

na pirâmide mística da evolução
o altar, decorado com pérolas flamejantes,
aguarda o consagrar dos votos.

Beijo em teu coração.
A noite virá mais serena.

Beijo em teu imenso ser.
O sol trará outro dia.

somos poesia dos deuses.
fazemos o verbo da Luz.

jamais seremos sós!


Fénix

 

desculpai-me Senhora,
não guardo percepção do tempo.
nem do sinal da procura.
só acarinhei a distinção do caminho.

mas via – Vos!
nas manhãs que despontavam em Estrelas,
nas sedas que entrelaçavam o Silêncio,
nos suspiros libertados em Pulsares.

no sentir do Triângulo do Um,
recusei constantes manipulações.
fui Paladino do amor,
livre escolha de Luz.

*** *** *** *** ***

o que passou, já se foi.
e deixei de existir no tempo.

apenas para me recriar,

em todo o nosso Azul!