Archive for Outubro, 2008

Fazes-me Ser

Fazes-me ser
no ser irreal do real.

Fazes-me sentir
a chama de ser no existir do ser.

Fazes-me ser
inteiro em vez de ser inanimado e solto.

E fazes-me sentir
ser o ser de alguém.

É luminoso,
ser simplesmente o ser de alguém!


Cartas frente ao Mar (VII)

Minha Querida,

Não sei que lhe dizer. Não pelo motivo aparente, mas por já o pressentir.

Sim, já o sabia. Só não distinguia a origem. Se a mente, se o coração.
Independentemente, não deixo de me banhar as águas desconsoladas.

“Nada é igual ao inicio. Tudo evolui!”. Recorda-se destas palavras?

Toda a Vida se renova! Toda a Alma se transfigura!
O que vier, será bem recebido, pois toda a existência é uma dádiva de desígnios maiores que nós. E os descansos são necessários, pois até a essência reflecte para se purificar.

Pode não regressar ao mesmo tempo humano, mas continuará a ser no tempo do divino. Afinal, todos somos fragmentos presentes no tempo maior.

É precisamente neste sentir que a minha esperança se reanima. E de todos os tipos de memória que existem, a sua, em mim, será sempre viva e livre no universo do meu coração.
Assim, tenho esta certeza. Jamais permanecerá no jardim do esquecimento.

Eis uma das colunas do meu âmago:
É o tempo que nos une.
E o reencontro dar-se-á na Luz da Criação, em comunhão com o Divino.

Por isso, afirmo-lhe que continuarei a escrever em frente ao mar, cuja essência, enleva o espírito ao cósmico. É nas lágrimas dessa água, as translúcidas gotas de sangue do universo, que as minhas cartas seguirão.

E nunca se esqueça que é nos reencontros que mais vibro.

Um beijo terno, doce alma.

V.


Despontar Azul


I love blue!, originally uploaded by Philippe Sainte-Laudy.

Ah! os insondáveis mistérios dos sentidos.

quantas percepções diferentes?
quantos quereres ausentes?
e rasgos no pulsar?

mas a aurora nunca falha.


XXX

o todo que te faz é imperfeito.

ténue fragmento,
o espelho humano do divino.

eu? contigo?
completo a alma cósmica.

apenas o tempo nos aguarda.

Blue Ridge Mountain Moon, originally uploaded by SpringChick.

 


Carta na aura da Lua

Moonlight, originally uploaded by risquillo.

 

Minha Querida,

Vim aqui na esperança de a encontrar.
Precisava de sentir a sua aragem para me libertar.

Cada um de nós cria os seus mecanismos para lidar com os sentimentos com que interagimos no correr das horas.
A mim, como sabe, é-me difícil aguardar sem falar. Não gosto de ficar com as coisas cá dentro. Gosto de as expressar. Não apenas para me aliviar, mas também para poder prosseguir.

Dantes pensava que era apenas para me permitir uma reflexão intelectual aos dados sentidos. E, até um determinado ponto existencial, assim foi. Não há dúvida que a minha parte racional é poderosa. A lógica sempre foi um dos alicerces do meu ser. E eu até tenho um certo orgulho nisso. Mas o meu eu não era pleno. E recentemente comecei a privilegiar o sentir e o pensamento sentido.

Mas nunca pensei que as minhas palavras pudessem ser razão.

É por isso que me desprendo da mudez.
Porque amo o verbo!
Porque amo os cometas que soltamos no imenso!
Porque amo o ser que nos une!

Tendo dito isto, é no mais profundo respeito pelo seu ser que espero o tempo do diálogo.

No entanto, aguardo tranquilo. Sereno até!
Já não me sinto forçado ao silêncio. Antes pelo contrario.
Atrevo-me a dizer-lhe que sou na melodia que emerge entre as cordas da Harpa do Cosmos.

Mas preferia continuar a ser harmonia consigo!

Agradeço a intensidade da sua Luz e deixo-lhe os meus mais simples afagos,

V.

in 30 Mensagens de Amor e 1 Recordação


Cartas frente ao Mar (VI)

Minha Querida,

Porque não somos alheios, nem devemos ser distantes, ao todo que nos rodeia, não deixo de perceber várias influências no seu expressar. Externas. E algumas bastante indirectas!
Num Ser de tamanha sensibilidade, não é de admirar. Nem é de espantar que a sua dimensão se amplie.

Portanto, sinto que estou perante um daqueles momentos em que só devo ouvir. E é certo que outros iguais virão.

Assim, é de livre vontade que me remeto ao silêncio. É nele que acolho os seus sentires – independentemente da natureza – tristes, inseguros, esperançosos. É nele que os reconforto. É nele que me transfiguro em melodia.

Como tal, aceite estas breves pautas de verbos silenciosos. Ambos já lá somos!

Apenas uma nota final.
Não pense que me será difícil imaginar “um feminino sem eu”. Antes pelo contrário. É-me perfeitamente natural.

Não há eu. Há nós! O eu é, quando muito, a totalidade dos átomos do Universo. A dimensão dessa entidade é de tal ordem que dificilmente é percebível. E como é algo que escapa à escala da compreensão humana, igualmente não é perceptível. No entanto, é. Existe!

Volto a referir o seguinte: o Universo são átomos e não um átomo.
“Nós” é o termo adequado porque a essência é plural.
Para mim – e sabe que a designo como tal – o nome dessa entidade é: MULTI-VERSO.

Um beijo terno, doce alma.

Até breve,

V.


Sóis Interiores

dandelion blue, originally uploaded by Emily Quinton.

 

árvores de luz do futuro
iluminaram a via do grande plantador.

o Palácio das Águas leves ainda é
o enigma do vento.

almas brancas,
nuvens soltas.