Cartas frente ao Mar (IV)
Minha Querida,
Talvez não consiga evitar alguma tristeza por tristezas que involuntariamente lhe tenha provocado. Talvez?
Apesar de nos sabermos no Uno da alma, todo o nosso percurso experimentou distancias. E outras acontecerão. Provavelmente assim é que deve ser. Para sentirmos ainda mais todos os instantes em que nos reencontramos. De cada vez que tal sucede, formamos diferentes tons de luz.
Os sinais das sombras e das fontes também são trilho para a iluminação. Eu sei disso. Mas apesar desta consciência, apesar de saber que sempre nos iremos reencontrar, a verdade é que sinto a sua falta cada vez que nova evolução ocorre.
Mas toda a renovação é necessária para completarmos a totalidade do espectro de luz. Creio que será precisamente assim que renasceremos na Luz antes da luz.
Nós não seremos unidade na diversidade, mas sim o ser da unidade ou, se preferir, o um da unidade. E é a partir daqui que jorra a diversidade!
Quanto a mim, não me parece que a mesma seja uma obsessão. Julgo que será o destino. O passo no sentido do equilíbrio entre tudo o que há e não há no MULTI-VERSO imemorial.
Fala-me do futuro já passado? Também lá fui. Aceito-o! Mas procuro considerar o presente.
Quantas projecções passadas não fazem o futuro?
Ambos os extremos, passado e futuro, são necessários para a visualização do contínuo, mas é no presente que nos encontramos, que nos fazemos, que nos sentimos. Infinitamente! Não concorda?
Pergunta-me o que são as saudades?
As saudades são as intermitências da consciência. São a voz do coração nos invólucros da alma.
E manifestam-se nos diamantes do tempo.
Por isso, as lágrimas são cometas no universo. Não há fogo de luz mais genuíno.
Ainda bem que temos saudades.
Apesar de toda a minha estrutura lógica, cedo aprendi que há coisas que não se explicam. Sentem-se!
Assim, deixo-me ir na fluência das águas. Tenho a esperança que elas me devolvam à felicidade. Outra e outra vez! Tal como continuamente o fizeram.
Às águas entrego-me. Poderia dizer que lhes entregava a minha plenitude. Mas isso, só uno consigo.
Será na intensa densidade desse tempo que encontraremos as águas azuis da Luz!
um Beijo terno, doce alma.
Até breve
V.